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domingo, 4 de dezembro de 2011

O DIA DE AMANHÃ

     Será sempre assim; o hoje antecedendo o amanhã e o futuro sendo influenciado pelo agora. Daqui a pouquinho o momento atual será passado, passado esse que deixará resquícios nas decisões dos próximos instantes, nas interfaces das insanas razões, no ínterim dos sentimentos.

     O dia de amanhã promete e vai ser diferente. Vai ser histórico e revelador, pode ser atroz mas vai ser justo. Inexorável porque revelará de forma clara os efeitos dos nossos erros além das mentiras que hoje parecem ser verdades, ostentando um certo ar de honradez, notoriedade e supremacia. Correto, porque nada melhor que o tempo para deixar explícito o oculto e curar as chagas dos enganos, das malícias, da ignorância, das injustiças. Será um dia para trabalho, reflexão e descanso. Será dinâmico para muitos, apaixonante para alguns e imenso para uma multidão. Pode ser que seja exaustivo e tonificante, claro ou nublado, cheio de tempestade ou abarrotado de sol.

     Sempre há o após e nele pode estar contido aquilo que é inesperado, estranho, inadmissível. E o depois pode ser tudo isso e muito mais. Não podemos prever com exatidão o que nos espera, o que nos espreita, o que nos deseja. Sempre há também o fato previsível, os sonhos realizados, o beijo inesquecível, o coito incomparável, a lucidez da vida, a alegria, a emoção dos amigos, passo certo, o aconchego do amor. Tudo isso e muito mais pode ser a continuação do homem refletida no hoje, pode servir como estímulo ao bálsamo que nos aguarda no amanhã, pode ser o início do mundo em nossas mãos, pode ser a sucessão de dias consecutivos traduzidos em esperança. Pode ser um projeto singular de luz no breu do desequilíbrio íntimo dos sofredores dos que fazem sofrer.

     O dia de amanhã pode ser menos político, mais técnico, mais profissional, menos amador. Pode ser um dia de sorriso e simplicidade, de idéias ricas, promissoras. Pode ser um dia mais produtivo e menos idealista, mais abundante, menos miserável, mais sustentável. Pode ser mais objetivo, menos supérfluo. Pode ser envolvente, generoso, menos autoritário e excludente; com mais solidariedade, educação, saúde, cultura e entusiasmo. Pode ser um dia mais vivo, mais brilhante, espetacular.


     O dia de amanhã depende exclusivamente da nossa visão de futuro, daquilo que estamos construindo e queremos deixar para as gerações futuras, além dos bens materiais. O amanhã depende da nossa linha de raciocínio, da nossa objetividade, das necessárias renúncias e bom senso que precisamos implementar urgentemente em nossa personalidade para que exista predominância do bem coletivo e universal. 

     Para que o dia de amanhã seja próspero não basta conquista de riqueza e poder, torna-se obrigatório a administração destes elementos naturais com logística psicológica, ajuste de consciência, discernimento e respeito por aqueles que nada têm. Para que as conquistas do dia de amanhã tenham realmente significado e sabor de vitória é preciso obtê-las e utilizá-las com senso de responsabilidade, animados por estímulos despojados de conceitos, avaliações e interpretações egóicas.

     É possível fazer o bem, é possível perdoar, a paz é possível de ser encontrada e mantida. Ela adormece nos conflitos e gerados a partir dos nossos interesses onde se observarmos bem, a maioria deles são mesquinhos e desprovidos de qualquer tipo de nobreza. Ela também repousa sob a asfixia de nossa tola e pertinente vontade de não se querer mudar hábitos e atitudes incoerentes com a nossa existência primária e individual da qual cada um de nós somos protagonistas e teremos de dar conta um dia que pode ser o dia de amanhã.

     Somos acomodados quando um assunto ou circunstâncias nos sugerem mudança de comportamento. Nesse aspecto costumamos atuar ora interpretando possíveis papéis na tosca intenção de iludir os outros e algumas vezes a nós mesmos, ora ficando letárgicos e inflexíveis o que nos impede de procurar novas alternativas que certamente nos indicaria o caminho mais seguro para a equação de jurássicos problemas.
 
     Somos passivos e coniventes com nossas anomalias e em virtude desse descalabro não evoluímos como indivíduos o que nos caracteriza como seres pré-históricos no que tange a saúde emocional. Sabemos o que é certo e o que é errado, mas preferimos os atalhos retilíneos do que a longa estrada da verdade e dos bons costumes que é íngreme e sinuosa em toda a sua extensão e exige perícia, conhecimento e disciplina para que seja percorrida.


     A falta de paz (tão discutida na contemporaneidade) e de uma vida digna e qualitativa se concentra na nossa indiferença, é fruto da nossa arrogância, da nossa algazarra interna e externa. Configura-se na ausência da compreensão interior, na ausência do nosso silêncio e na existência da nossa mania de grandeza. Esses males constituem um conjunto histórico e biográfico primitivo que ao invés de ser contido, avançou sistematicamente, crescendo e se cristalizando no âmago do coletivo, sobrevivendo até os dias atuais, até este momento, acariciado pelos nossos defeitos da nossa personalidade. 

     Mas o dia de amanhã está chegando e ele nos convida a ser mais gente, mais otimista, mais paciente e menos intolerante. ELE NOS CONVIDA A SER MAIS HUMANOS.
By Waldir Jose 



                          
                                           
                                        

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