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sábado, 4 de junho de 2016

ANTÓNIO LOURO, 90 ANOS!!!

O único sobrevivente da Operação Condor no Brasil,
o plano secreto das Ditaduras Sul-Americanas

                Salve os 90 anos de vida de António Louro, ativista social e cultural da Resistência Civil Pacífica em defesa dos Direitos Humanos, uma das vítimas da operação Condor, que considero meu herói, guru e meu professor de liberdades, justiça e amor, o que nenhuma faculdade ensina e sim a convivência. Continua no Rio de Janeiro, casado com uma brasileira com quem teve uma filha, médica, infelizmente falecida, hoje aos 90 anos continua ativo nas lutas, presidente fundador da AMIHCOL e Instituto Saramago das Américas.

                Filho de um Guarda Nacional Republicano, cresceu na zona oriental de Lisboa.  Aos 13 anos já era operário da Fábrica do Braço de Prata, de armamento, onde os turnos chegavam a 12 horas. Nos tempos livres ia à es­cola industrial Afonso Domingues, onde foi colega de José Saramago.


                As fábricas tinham comunistas infiltrados a politizar os trabalhadores, e António começou a colaborar com o partido (PCP). Considerado demasiado reivindicativo, veio a sair da fábrica em 1952, depois de um acidente em que vários operários ficaram feridos. A PI DE (polícia política portuguesa) estava no seu encalçe e em 1956 foi preso quando fazia pichagens contra a ditadura. Depois dos interrogatórios, com espancamentos e isolamento, esteve detido por seis meses em Caxias. Saiu e voltou a ser preso outros seis meses.

                Em 1957 exilou-se em Paris até uma incompatibili­dade com Sérgio Vilarigues, seu «controleiro» do PCP, levar à cisão. O principal motivo foi a visão paternalista que os comunistas tinham dos movimentos de indepen­dência das colônias portuguesas em África; queriam ser eles próprios a fazer cair o regime e a dar independência às colônias. Por seu lado, António queria que apoiassem os movimentos locais - MPLA (Angola), PAIGC (Gui­né Bissau e Cabo Verde) e Frelimo (Moçambique) —, deixando-os lutar por si mesmos.

Em 1960, a União Nacional de Estudantes brasileira, associação acadêmica de esquerda, convidou-o para re­presentante junto dos movimentos de independência das colônias portuguesas. Acabaria por ficar no Brasil, onde conseguiu trabalho em engenharia naval. A 31/3/1964 aconteceu o golpe militar que forçou o presidente João Goulart ao exílio no Uruguai e depois na Argentina, onde se suspeita que terá sido morto pela Operação Condor - na versão oficial, «ataque cardíaco» (o corpo foi exumado em 2013 e à data de fecho deste livro estudava-se a hipó­tese de envenenamento).

                Poucos dias após o golpe, o estaleiro onde António trabalhava foi invadido por fuzileiros, que o prenderam novamente. Acusado de ser espião de Angola, foi interrogado pelo DOPS (política) no centro do Rio de janeiro, e torturado, conta ele, frente a um oficial da PIDE chamado Pasmos. Ali ficou um mês e meio com o guerrilheiro marxista Carlos Marighella, que veio a ser morto pela ditadura e se tornou um símbolo no Brasil.

                Levado para a prisão da Ilha das Cobras, na baía da Guanabara, cruzou-se com outro nome célebre, o «Cabo Anselmo», um agente infiltrado que ajudava os militares a capturar opositores. Solto passado três meses, traba­lhou em várias empresas de construção naval.


                Em Abril de 1974 deu-se a revolução em Portugal e António decidiu ir lá. Ao voltar ao Rio de Janeiro a Polícia Federal disse-lhe que tinha de embarcar para Buenos Aires. Mostrou os papéis em ordem e ameaçou ligar ao seu advogado. Deixaram-no ir, mas terá sido o momen­to, diz, em que a Operação Condor já estaria atrás dele: uma tentativa de os entregar aos argentinos.




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