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domingo, 6 de novembro de 2016

UNS E OUTROS

A vida é: misteriosa, surpreendente, fascinante. Habitada por seres racionais e irracionais, está repleta de: estímulos, sensações, energia. Tecido vivo a serviço da intuição, do cosmo, do eterno. A minha vida, a sua vida, a nossa vida, consciente e inconsciente aqui se misturam, na extasiante dádiva evolutiva.

            Labirinto de incontáveis subjetividades a vida prossegue, se concentra dando forma, definindo, criando. Em seu seio uns e outros se movimentam, acoplando-se. Desse modo uma mística verticaliza-se ao sabor de incógnitas disseminadas por uns e outros erguendo sensações semelhantes e adversas, simples e complexas.

            Imagens rebuscadas, quase indecifráveis chegam a todo momento confundindo a urgência da vida, as responsabilidades cotidianas, a seriedade em se respirar. O cérebro humano tão explorado mas ainda pouco compreendido se expõe caracterizando uns e outros na plenitude científica, no infinito ignorado. Com isso vem a exaustão, mas também a vontade de aprender, instala-se a sede do conhecimento, a obstinação por aquilo que mal se percebe mas que uns e outros tentam esconder evaporando-se em mentiras, a todo custo.

            Sorrisos largos seduzem enquanto o ar da graça some, oculto nas sombras do viver, mas propositais incongruências, em falsas promessas, em atônitas tolerâncias, em suplicas descabidas. Escravos e lascivos entre si uns e outros se abraçam, se beijam, ironizam-se sobre a terra repisada por dores incontroláveis ornamentando desvarios, pluralizando prantos, reacendendo escárnios, polarizando as guerras, implodindo a paz.

            De vez em quando se abrem lacunas, vazios, abismos entre uns e outros. A vida ferve, o coração sofre, as mãos ficam gélidas, o corpo enfraquece. Bocas ressequidas anseiam gritar na febre implacável da sobrevivência. Falta o essencial, o oxigênio salvífico, a âncora, o auxílio, o carinho, a fraternidade, o amparo. O saldo devedor aumenta sensivelmente, sobra arrogância e orgulho, uns e outros assassinam o amor.

            A vida cobra deveres dos seus inquilinos. Somos temporários por aqui. O nosso futuro é o nosso caminho, são os nossos passos. O bem estar que procuramos repousa no equilíbrio das nossas ações, não há outra saída. Se somos uns e outros somos iguais, somos únicos, e se somos responsáveis pela prática e zelo do bem somos diferentes e não melhores que os demais. Se fazemos o que é certo, o que é preciso, então buscamos a justiça do Supremo, do invisível, do Eterno. Isso não nos qualifica como melhores e sim nos dá a chance de progredir em busca do objetivo maior, em busca do nosso propósito existencial.


            Se assim não somos, vivenciamos a cada dia a loucura incômoda e estressante PERDIDA ENTRE UNS E OUTROS DE NÓS MESMOS.


By Waldir José


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