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domingo, 1 de novembro de 2015

Inferno

Inferno é algo tímido, curioso, enigmático. Para uns é eterna perdição, para outros um território admirado, cultuado, cultivado, o senhor de todos os desvios éticos e morais, o prenúncio do prazer.

            Inferno é um livro que queima, impróprio e desvirtuado. Suas páginas não podem ser lidas, tocadas, extraídas, amassadas, incineradas. Ocultam verdades que não podem vir à tona.

            Inferno é o suposto reino de satanás e seus anjos malvados, habitando o inflado aconchego do ego humano.

            Inferno é o rosto da criança amedrontada exposta a toda forma de indignidade. É a amargura do ancião irrealizado, quase sem vida. É a ausência de luz e o eco das trevas.

            Inferno é o burburinho dos fanáticos e a algazarra dos seus líderes fajutos, cheios de prepotência, poder econômico e pseudas profecias, infestados de alucinações infernais.

            Inferno é o grito dos excluídos, a falsidade dos políticos, a insensatez dos sem caráter, a dor que não passa, a insônia esvaziando a noite, o velório da justiça e o enterro da honestidade.

            Inferno é o apocalipse do homem avarento, orgulhoso, bandido, hipócrita, mesquinho e corrupto.

            Inferno é o pecado estampado na face de muitos que proclamam a palavra de Deus. Estão na verdade ironizando versículos bíblicos.

            Inferno é a teologia que engana e a filosofia que aliena. O sistema que fomenta as mazelas sociais e delas se alimenta. É o glamour da sensualidade e o status da devassidão.

            Inferno é o tiro da polícia matando inocentes, aterrorizando as comunidades, assombrando as pessoas de bem, assassinando a quem devia proteger. Inferno é a celebração do crime de mãos dadas com a polícia.

            Inferno é o crime organizado organizando a sociedade. É a pomposa maquiagem social do moderno anticristo, cheio de seguidores, de servos fiéis, porém ímpios. Recrutados após serem seduzidos por gestos estratégicos e palavras levianas.

            Inferno é a essência corrupta e a ousadia dos desonestos. É o martírio de quem faz o certo, o calvário da prostituta e a lascívia dos que dela se aproveita.

            Inferno são as segundas intenções que dançam na mídia.
            Inferno é o tema da moda, o som do egoísmo, a simbiose do desamor, o estante pornográfico.

            Inferno é o desequilíbrio das nações, as doenças emocionais, a imposição do estresse.

            Inferno é o sangue derramado sem causa aparente, o corporativismo da justiça, o cárcere das enfermidades, a prisão dos sem culpa, a maldição das intrigas.

            Inferno somos nós, com nossas manias de grandeza, nossa inconsciência espiritual, nossos vícios.

            Inferno é loucura íntima, o tumor que não cessa, o perdão que não chega, o sumiço da paz. É o descaso com a natureza, as fezes do preconceito, o mau cheiro da corrupção, o apego ao dinheiro, a ganância do poder, a escuridão da alma.

            Inferno são certos segredos de estado, a indústria da morte, o apogeu da discórdia, o extremismo, a violência.

            Inferno é a falta de fé, a horrenda sensação dos que nada tem. É a fome em alta escala, a miséria absoluta.

            Inferno são os poderosos demônios mentais, a obsessão psicológica, a síndrome do medo irracional.


            Inferno é o abandono da vida. Inferno é a consciência em desespero.

Waldir José

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