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domingo, 19 de agosto de 2012

Bioética e Educação Ambiental


INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma demonstração de como a bioética atua no cotidiano. A demonstração de realidade, capaz de informar a loucura da possibilidade de um Admirável Mundo Novo é o que traz a discussão o fato
da bioética ser uma ferramenta não um fim.(HUXLEY, 2001) Apresentar a bioética é necessário para que os futuros profissionais possam compreender a necessidade de um limite moral para maquinações científicas que visão o lucro, e o controle social. 

Sabe-se hoje em dia de diversos projetos de Educação Ambiental, de tratados ecológicos, de ONGs e de profissionais que se espelham na bioética. A bioética caminha com todas as disciplinas do conhecimento e pesquisa biológico. O admirável mundo novo nada mais era que o retrato de uma idealização da sociedade numa Época de Totalitarismo.

Se tivesse sido escrito na Alemanha Nazista ou na U.R.S.S., seria uma critica interna para a ciência como ferramenta política de opressão. O que ganha a Educação Ambiental com a bioética, é que todas as ONGs
ambientalistas falam em bioética, aparentemente desconhecendo seu significado, e apegadas a vitórias como o Protocolo de Cartagena. Assim conhecer a bioética, quais suas ferramentas, seus pormenores é desvendar a máquina moral humana (MOREIRA ALVES, 2000; SECCO, 2001), e direcioná-lá para trabalhar em prol do meio e de um desenvolvimento sustentável.

Assim a Educação Ambiental pode capacitar os futuros profissionais a melhor exercitarem sua capacidade de raciocínio para identificarem quando a ciência está tendo um comportamento que ferre as normas naturais, e morais. E esta capacitação pode seguir uma linha que aborda aspectos cinematográficos na elaboração da consciência.(MENDES de ALMEIDA, 1931) Visto justamente Ter sido o cinema que criou a mentalidade moral da sociedade de consumo.

MORAL & ÉTICA

Moral é o que o ser humano traz em si como inconsciente coletivo. Ela é o fim que a humanidade tem para si como um todo ou como uma característica de grupos. Um meme que de geração em geração se perpetua no comportamento (DAWKINS, 1979). É importante para a Educação Ambiental conhecer a Moral do grupo que se trabalha, visto a Campanha da Fraternidade de 2004, promovida pela Igreja Católica e CNBB no Brasil, quanto todos os católicos foram chamados a respeitar o bem água.

A água da vida em suas músicas revelou como um trabalho moral pode ser útil para a Educação Ambiental, quantos frutos poderiam ser gerados caso empregassem recursos num trabalho pós-campanha. A ética é o estudo
de como a moral funciona (MOREIRA ALVES, 2000; SECCO, 2001), o que o ser humano faz com seu patrimônio moral. A ética é uma disciplina.

Assim a bioética não é um fim mas uma disciplina que estuda os aspectos biológicos e seu envolvimento moral. Em que a biologia afeta o comportamento, e em que esse comportamento tem relevância no ordenamento moral do grupo? Assim como exemplo é o caso do aborto. O
aborto é ilegal? Depende. Depende do lugar. O aborto é imoral? Depende. Depende da religião. Assim o ordenamento jurídico é um, e a moral, muitas vezes, oriunda de um sentimento religioso é outra. Moral é religião e Lei é norma técnica (MOREIRA ALVES, 2000; SECCO, 2001). Notemos um trabalho educacional que pode ser desempenhado. O livre arbítrio do aborto para mulheres na Bélgica. Naquele país o aborto é permitido, porém o país é católico, a Igreja Apostólica Romana proíbe seus fieis de cometerem esse pecado, pecado não é crime. Na Bélgica quem engravidar pode abortar se assim o desejar, mas o Rei Alberto renunciou à coroa para não assinar a Lei do Aborto. A moral e a lei em caminhos opostos. A bioética trata disso, basta ver os seus sites na internet que trazem a questão do aborto.


ÉTICA - JUSTIFICACIÓN

Um estudo do comportamento moral das mulheres, seu segmento religioso, seu grupo, seu nicho permitirá saber se haverá ou não abortos caso esse comportamento queira ser adotado como forma de controle de
natalidade. E natalidade é ecologia, pois quanto mais pessoas indesejadas, maior o caos social, e a Educação Ambiental visa muitas vezes o aspecto humano da ecologia. Educar para ter um mundo melhor, com maior conforto. Na maioria dos países protestantes o aborto não é imoral e nem é ilegal. O filme que aborda o aborto, como um drama é O preço de uma escolha, com artistas como Demi Moore, Sissy Spacke, e Cher, criando uma atmosfera do conflito feminino e a decisão do aborto como forma de liberdade através das décadas.

REALIDADE

A moral já está sedimentada como mecanismo de interação social, eu não jogarei lixo no rio porque meu vizinho beberá daquela água. Uma educação de solidariedade. Ou um bio-terrorismo, vou envenenar o rio para matar meus inimigos. A moral é responsável  pelos dois atos. A realidade é dupla, e é permitida pela moral, os russos nas Guerras Napoleônicas, jogavam esterco nos poços para deles não beberem os inimigos. O que espera-se numa Guerra atual, já que já foi lançada uma bomba atômica há 59 anos atrás. A educação ambiental deve trabalhar com a realidade dos líderes e militares nos diversos países, principalmente nos que possuem arsenal de destruição em massa. Visto que a biodiversidade também é vulnerável às Guerras, aos terrorismos. O militar não vê a realidade de um atol, e lá explode uma bomba atômica, França, alguns anos atrás. Testes nucleares destruindo biodiversidade.

É a realidade da loucura, quando não se enxerga que aquela explosão não trás benefício algum, um teste beligerante que roubou dinheiro do caos social (MOREIRA, 1988). E se os dirigentes tivessem tido aulas de Educação Ambiental? Será que a visão de mundo de biosfera deles teria permitido inutilizar um atol inteiro, um verdadeiro paraíso? A moral dessa gente permite destruir a natureza, eles não respeitam a vida. Talvez a
Educação Ambiental seja inerte para eles, pois não foi cultivado o amor à natureza desde cedo, desde criança (HUTCHISON, 2000). O ambiente é pura matéria, não há riqueza em vida.

Eles não são capazes de ver a riqueza da biodiversidade, o que ela representa. Foram educados para destruir. São como o médico psiquiatra de Don Juan de Marco de Francis Ford Coppola, só via loucura na sua frente, todos eram loucos, até que não compreendeu um paciente que lhe contava a verdade, por falar a verdade o tachava de louco, Marlon Brando representou a visão de mundo do mito da caverna, eu não reconheço outra realidade além da que fui programado para compreender.


VISÃO DO MUNDO

LEITURA & INTERPRETAÇÃO

ESTUPIDEZ JULGAMENTO

A visão de mundo permite-me uma leitura e interpretação da realidade. De acordo com o grau de estupidez será emitido um julgamento, que permitirá ações impactantes ou não no ambiente. A Educação Ambiental, amparada pelo conhecimento da bioética, deve reduzir o nível de estupidez para que a moral sadia possa atuar nos indivíduos, se assim fosse um atol com diversidade genética e biológica teria sido salvo.

ERRO DA CIÊNCIA

Uma perna amputada, seria esse o resultado de um erro médico na vida de Ernest Hemingway, narrado no filme No amor e na guerra, revela o lado brilhante de uma enfermeira de guerra. A enfermeira Agnes acreditou que poderia salvar sua perna da gangrena. É um romance biomédico, pois o médico queria amputá-la. Quantas vezes desistimos de um ecossistema, de um espaço, de uma praça de um grupo. Desistimos de um atol. Desistimos de florestas por causa do paradigma do conforto. O conforto é mais forte que a moral (MOREIRA, 1988), o poder é mais forte que a moral, a bioética tem que estudar isso para que a Educação Ambiental possa criar uma moral ambiental forte, madura, e sadia.

Moral ambiental capaz de impedir testes destrutivos, desistências de recuperações, ou um apego financeiro que não haveria igual na destruição, no momento de remediar a destruição ambiental. Deve ser muito mais econômico preservar do que destruir e ter que consertar depois, fazer uma coleta seletiva do que ter que reflorestar tudo depois. A moral deve servir para preservar, a Educação deverá servir para gerar o respeito ao meio ambiente acima dos interesses de lucro.

LIBERDADE CIENTÍFICA

Todo o avanço da ciência leva a sua utilização para o bem ou para o mal. Assim foi a bomba atômica, drama brilhantemente apresentado em Rapsódia em Agosto de Akira Kurosawa. O filme mostra o drama de uma
sobrevivente, que perdeu os entes queridos em Nagazaki. Relembra as vítimas da face negra da teoria da relatividade. Hoje em dia pessoas estão amedrontadas com a face da engenharia genética. Trará o bem, mas
também o domínio sobre o genoma (OLIVEIRA, 2000). E qual moral rege o domínio? A mesma que lançou a bomba de Nagazaki? A mesma moral ambiental, vista por uma nulidade de bioética, de um cientista que explodiu um atol para fazer um teste nuclear? Quem está por trás da engenharia genética? Qual a formação moral? Qual religião? O que ele tolera? O que ele é capaz de fazer? (MERLEAU-PONTY, 1975).

Não basta ir longe, ainda existem alguns sobreviventes dos Campos de Concentração hoje em dia. Pessoas presas por pertencerem a raça semítica. Usadas como cobaias. O que é um clone? Vale a pena fazer isso com uma pessoa? O que será dessa pessoa quando descobrir-se clone? Será filho de Deus? A Igreja Romana lhe dará as águas do batismo? São questões morais que não possuem nada de pífio.

São problemas que a Educação Ambiental deve levar em conta quando for analisar um projeto de educação. O que vou informar para a população para que ela possa se defender? Como explicar que o patrimônio genético está
ameaçado defende-lo sem impedir o avanço da ciência? Como explicar que o Protocolo de Cartagena não fala uma vez sequer em bioética?, mas quer defender a biodiversidade. Defender a diversidade mas permite a fabricação de vida transgênica. Que moral é essa que só visa a atender interesses comerciais sem impedir que os transgênicos sejam empurrados pelo trato digestivo dos consumidores?

Pois em nome da liberdade científica o que vai acontecer será o domínio das sementes transgênicas. Não há uma censura. Estão livres para pesquisar, se pesquisam querem lucrar, se lucrarem a face dos transgênicos é negra pois pela lei de mercado o que acontece é o domínio das sementes transgências por ser tratar de uma holding que toma a frente da comercialização dessas sementes, e como o fruto desses sementes não é lá tão produtivo o que pode ocorrer no final é um preço aumentado da soja como vislumbra-se nos quadros abaixo. (von der WEID, 2002).



LEI DE MERCADO

MUITA SEMENTE > O PREÇO DA SEMENTE
POUCO PRODUTO < O PREÇO DO PRODUTO

A holding irá dominar o mercado de sementes, a economia científica está positiva, vão lucrar por sufocar as sementes tradicionais. O eldorado da riqueza prometida aos agricultores será destruído pela baixa produção, super pragas (von der WEID, 2002). O resultado será um produto final mais caro, para poder financiar o esquema de uma super tecnologia superflua. Aqui está um terrível aspecto para estudo da bioética. O
sufocamento da diversidade de sementes em nome de uma holding de tecnologia. A vontade de lucrar prevaleceu à moral ambiental. Trabalho para os educadores ambientais junto aos agricultores, para mostrar-lhes os riscos de consumirem sementes geneticamente modificadas. Essa é a visão de futuro. Um futuro de domínio econômico, super pragas e um
alimento mais caro, sem contar com a contaminação ambiental, que já está ocorrendo. (von der WEID, 2002).

CONCLUSÃO

Tendo visto os elementos e os aspectos da bioética, fica lógico que a Educação Ambiental como meio de divulgação e formação da sociedade é a responsável pela formação da moral ambiental. Essa sim, objeto do estudo da bioética, que poderá qualificá-la como boa ou perniciosa para a vida em comunidade.

A ecologia humana tem muita o ganhar com o desenvolvimento dessa ferramenta da moral para desenvolver o ser humano. Da mesma forma que existem países e religiões que aceitam o aborto, haverá países e  religiões que aceitarão clones, seres humanos trangênicos, alimentação e agricultura ocupada por seres transformados. E como foi citado já houveram tempos de uma Alemanha Nazista, ou de uma U.R.S.S. Na primeira, além do holocausto de judeus e ciganos, por serem de raças “inferiores” todo ser humano portador de defeitos, males ou incapacidades era esterelizado em nome do Reich e de uma raça ariana virtual. Era uma pseudo genética destruindo a humanidade. Quem foi o responsável? Quem sarou a dor de uma pessoa esterelizada em nome de algo imaginário? Na segunda, em nome da política a genética foi banalizada como ciência. Como todos tinham que ser iguais a seleção natural não podia existir (JOPPERT, 1999). Imaginem as pesquisas agropecuarias? O caos instaurado.

Pesquisadores e cientistas obrigados a deixar o país, perseguidos em nome do povo e da memória de Lennin. Todos devendo ser iguais, sem sequer chegar perto do principio da biodiversidade.

Dizem que a vida copia a arte, o Admirável Mundo Novo, já é obra literária, inúmeros filmes são lançados abordando o tema de uma ditadura genética. A moral está sendo formada. Este é o objeto da bioética atual.
Como está sendo feita a abordagem, qual moral se quer construir? A Educação Ambiental deve ocupar esse nicho e preparar as mentes para serem refratárias a alimentos transgênicos, e promessas de Eldorado. Liberar a pesquisa com humanos é desrespeitar a moral de um biólogo, liberar a pesquisa com animais sem uma finalidade clara, objetiva e moralmente correta também o é. Cabe a bioética discutir esses aspectos. Clonaram uma ovelha, o que lucraram com isso, qual era a finalidade da
pesquisa, chegou a conclusão esperada? Já é um problema de metodologia (HÜHNE, 2001). A moral deve estar presente na metodologia, para evitar o sofrimento em seres vivos.


O Eldorado será para poucos, para os que puderem pagar pelos recursos gerados pela pesquisa, e para os que lucrarem com os mesmos. O ser humano já foi expulso do paraíso como desobediente às ordens de Deus.
Conforme a tradição judaico-cristã. Estamos vendo a implantação do inferno na Terra através do desrespeito à vida. Cabe a Educação Ambiental educar as gerações para que respeitem a vida humana, animal e vegetal na sua diversidade como um todo.


Flávio Joppert 

Bacharel em Ecologia pela UFRJ, Mestre em Ciências pelo MN-UFRJ, Coordenador em Gestão Ambiental pela DGQ

BIBLIOGRAFIA

DAWKINS, R. O gene egoísta. USP. 1979

HÜHNE, L. M. Metodologia Científica, Agir. 2001

HUTCHISON, D. Educação Ecológica. Porto Alegre, Artmed,
2000

HUXLEY, A. Admirável Mundo Novo, Globo. 2001

JOPPERT, F. Ensaio sobre matrimônios consangüineos.
Revista da ASBRAP. São Paulo. 6, 197-202. 1999

MENDES DE ALMEIDA, J. C. – Cinema contra cinema,
Limitada. 1931

MERLEAU-PONTY, M. – A estrutura do comportamento,
Interlivros. 1975

MOREIRA ALVES, J. C. – Direito Romano, Forense. 2000

MOREIRA, J. L. M. A Síndrome do Progresso. Rio de Janeiro,
Achiamé, 1988

OLIVEIRA, F. Nossos genes nos pertencem! Bioética,
feminismo e violência genética. Proposta no. 84/85
Março/Agosto pg.26-33. 2000

SECCO, O. de A. Introdução ao Estudo do Direito, Lumen
Juris. 2001

VON DER WEID, J. M. Transgênicos matariam a fome?
Informativo do Conselho Regional de Biologia 2ª Região,
Rio de Janeiro, Ano VIII no. 49 6-9. 2002


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