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terça-feira, 30 de agosto de 2016

GOODBYE

 Após 43 anos de uma relação amistosa os britânicos tomaram a decisão de abandonar a União Europeia (UE) contando para essa empreitada com o apoio de 52% dos eleitores através de um referendo que marcou a desintegração com o bloco europeu criando sistematicamente inúmeras dúvidas políticas e incertezas econômicas. 

 Abatido pelo brexit ou saída britânica o premier David Cameron tentou amenizar os fatos dizendo que o caminho para a retirada completa seria longo, todavia políticos e lideres europeus exigiram uma rápida desconexão surpreendendo o mercado global e influenciando o destino do mundo. A princípio a decisão do Reino Unido garante os direitos dos cidadãos europeus mas fica claro que com essa atitude nada será como antes e que com o passar do tempo o clima atual vai se acentuar descambando para um goodbye definitivo.

   Formada agora por 27 países que permanecem no bloco a UE já deu início a uma política interna de coesão visando estabilidade entre seus membros buscando eliminar qualquer vontade por menor que seja da saída de mais países que por algum motivo venham a se tornar insatisfeitos ou que possam adquirir o desejo de seguir a saída adotada pelos britânicos. A verdade é que a maior crise que o bloco vive em seus quase 60 anos de vida está longe de acabar e a saída do Reino Unido só aumenta a sangria criando mais instabilidade e divergências diplomáticas que podem motivar sim outras nações a zarpar do imaginário porto seguro.

   Criado em 1957 como Comunidade Econômica Europeia tendo Alemanha, França, Itália, Bélgica e Holanda como países fundadores o bloco teve um semi apoio do Reino Unido que sempre quis pular fora do barco e a recente política de refugiados implementada por Berlim foi a gota d'água. Especialistas em política internacional e renomados cientistas políticos acreditam que a UE deve baixar a bola parando de adotar medidas centralizadoras ampliando o senso democrático e a participação dos seus integrantes diminuindo o elitismo e sendo mais complacente com os países-membros pequenos valorizando seus votos e suas opiniões.

    Analisando o tema observei que os poderes de Bruxelas sempre foram uma pedra no sapato da extrema-direita europeia que se considera submissa ao bloco europeu e por isso celebraram a decisão britânica. Segundo essa corrente a Europa não se unificou com a criação do bloco e sim estreitou relações com bancos e grupos lobbystas. O descontentamento se desenha desde as eleições para o parlamento europeu em 2014. Na época o partido de independência do Reino Unido o UKIP refletiu o pessimismo com o bloco concretizado agora com o brexit. 

  No outro extremo da questão o posicionamento britânico respingou negativamente no país mais rico do mundo e levou o presidente Barack Obama a convidar os principais líderes europeus para que trabalhem juntos mas a realidade mostra-nos que o brexit fragiliza a política externa dos EUA que ao ver seu aliado se afastar terá que estreitar laços com a França e Alemanha, um flagelo para os americanos que tem nos britânicos seu maior apoio militar, principalmente agora na luta contra o terrorismo. Já o Reino Unido não almeja usar os EUA como ponte para a ascensão da UE, por outro lado entretanto os britânicos tentarão manter uma saudável política com os americanos visando a relevância da própria soberania, criando assim a contragosto um conflito subjetivo entre as nações.

    O surpreendente adeus britânico pode afetar também os brasileiros que vivem no Reino Unido, uma vez que a campanha contra a imigração seguirá forte com o permanente apoio da elite inglesa. Já as obscuras regras que permeiam o brexit traz em si um profundo impacto geopolítico a longo prazo afetando as tarifas de exportação, a integração financeira e os fundos de turismo e mão de obra globalizando a crise.

  Em meio a esse imbróglio creio de devemos ser otimistas sem ocultar a realidade. O ar que a UE respira nesse momento é muito pesado mas mesmo assim é só um momento necessário. Pode durar muito tempo? Sem dúvida pois a amplitude do futuro é imprevisível, contudo, devemos celebrar o amanhã vibrando por dias melhores, mentalizando soluções relevantes e atitudes pacíficas, sempre. 

By Waldir José

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