Após 43 anos de uma relação amistosa os britânicos
tomaram a decisão de abandonar a União Europeia (UE) contando para essa
empreitada com o apoio de 52% dos eleitores através de um referendo que marcou
a desintegração com o bloco europeu criando sistematicamente inúmeras dúvidas
políticas e incertezas econômicas.
Abatido pelo brexit ou saída britânica o
premier David Cameron tentou amenizar os fatos dizendo que o caminho para a
retirada completa seria longo, todavia políticos e lideres europeus exigiram uma
rápida desconexão surpreendendo o mercado global e influenciando o destino do
mundo. A princípio a decisão do Reino Unido garante os direitos dos cidadãos
europeus mas fica claro que com essa atitude nada será como antes e que com o
passar do tempo o clima atual vai se acentuar descambando para um goodbye
definitivo.
Formada
agora por 27 países que permanecem no bloco a UE já deu início a uma política
interna de coesão visando estabilidade entre seus membros buscando eliminar
qualquer vontade por menor que seja da saída de mais países que por algum
motivo venham a se tornar insatisfeitos ou que possam adquirir o desejo de
seguir a saída adotada pelos britânicos. A verdade é que a maior crise que o
bloco vive em seus quase 60 anos de vida está longe de acabar e a saída do
Reino Unido só aumenta a sangria criando mais instabilidade e divergências
diplomáticas que podem motivar sim outras nações a zarpar do imaginário porto
seguro.
Criado
em 1957 como Comunidade Econômica Europeia tendo Alemanha, França, Itália,
Bélgica e Holanda como países fundadores o bloco teve um semi apoio do Reino
Unido que sempre quis pular fora do barco e a recente política de refugiados
implementada por Berlim foi a gota d'água. Especialistas em política
internacional e renomados cientistas políticos acreditam que a UE deve baixar a
bola parando de adotar medidas centralizadoras ampliando o senso democrático e
a participação dos seus integrantes diminuindo o elitismo e sendo mais
complacente com os países-membros pequenos valorizando seus votos e suas
opiniões.
Analisando
o tema observei que os poderes de Bruxelas sempre foram uma pedra no sapato da
extrema-direita europeia que se considera submissa ao bloco europeu e por isso
celebraram a decisão britânica. Segundo essa corrente a Europa não se unificou
com a criação do bloco e sim estreitou relações com bancos e grupos lobbystas.
O descontentamento se desenha desde as eleições para o parlamento europeu em
2014. Na época o partido de independência do Reino Unido o UKIP refletiu o pessimismo
com o bloco concretizado agora com o brexit.
No outro extremo da questão o
posicionamento britânico respingou negativamente no país mais rico do mundo e
levou o presidente Barack Obama a convidar os principais líderes europeus para
que trabalhem juntos mas a realidade mostra-nos que o brexit fragiliza a
política externa dos EUA que ao ver seu aliado se afastar terá que estreitar
laços com a França e Alemanha, um flagelo para os americanos que tem nos
britânicos seu maior apoio militar, principalmente agora na luta contra o
terrorismo. Já o Reino Unido não almeja usar os EUA como ponte para a ascensão
da UE, por outro lado entretanto os britânicos tentarão manter uma saudável
política com os americanos visando a relevância da própria soberania, criando
assim a contragosto um conflito subjetivo entre as nações.
O
surpreendente adeus britânico pode afetar também os brasileiros que vivem no
Reino Unido, uma vez que a campanha contra a imigração seguirá forte com o
permanente apoio da elite inglesa. Já as obscuras regras que permeiam o brexit
traz em si um profundo impacto geopolítico a longo prazo afetando as tarifas de
exportação, a integração financeira e os fundos de turismo e mão de obra
globalizando a crise.
Em
meio a esse imbróglio creio de devemos ser otimistas sem ocultar a realidade. O
ar que a UE respira nesse momento é muito pesado mas mesmo assim é só um
momento necessário. Pode durar muito tempo? Sem dúvida pois a amplitude do
futuro é imprevisível, contudo, devemos celebrar o amanhã vibrando por dias
melhores, mentalizando soluções relevantes e atitudes pacíficas, sempre.
By Waldir José
0 comentários:
Postar um comentário