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sexta-feira, 26 de junho de 2015

DE MÃOS DADAS COM O PROGRESSO

             

              Em Cuba não há luzes de neon à noite e durante o dia o país é visto e revisto em sépia, isto porque o mundo parece que parou em Havana. Há também além de outros fatores bizarros o sucateado fluxo automotivo que faz o quase deserto das ruas largas e bem alinhadas o que remete o visitante a uma inesquecível viagem no tempo, dando a perfeita impressão que o século passado de fato não passou. 

          Assim Cuba tornou-se um emblemático objeto de estudo social e político, uma relíquia sob o comando dos Castros, primeiro com Fidel e mais recentemente com seu irmão Raúl, este último um tanto desapegado da ditadura, aparentemente menos turrão e mais sintonizado com a vida moderna.

                De mãos dadas com o progresso Cuba começa rever sua postura. Aos 88 anos o seu grande mentor Fidel Castro já mostra sinais de cansaço, já sente o peso dos anos. O dinamismo do ex-presidente e ditador já não tem a mesma vitalidade e a enfática farda foi substituída por vestimentas mais leves. Embora não verbalize abertamente Fidel reconhece que o tempo passou e que Havana precisa emergir para o centro do mundo se não quiser ser engolida pelo universo científico e tecnológico, se não quiser ser uma ilha fantasma.

                O embargo econômico imposto pelos Estados Unidos fez Cuba navegar em mar bravio, retroceder economicamente. Agora é hora de deixar de ser ranzinza e apagar velhas picuinhas, lançando um olhar otimista ao futuro que com a velocidade do tempo inicia-se a cada dia. O prenúncio de uma era melhor já começa a despontar. Fidel admira Obama é um entusiasta do governo americano e espera criar uma relação diplomática séria e quem sabe duradoura com a nação que ainda considera inimiga. 

               Embora mais flexível Fidel ainda mantém sua pose imposicionista, enviou um recado bem claro, não aceitará sob nenhuma hipótese interferência na sua política interna e em tom mais brando pediu auxílio para melhorar o setor de telecomunicação cubano. Seu irmão Raúl por sua vez, fez uma exigência mais forte, um tanto mais tensa, quer que os Estados Unidos devolva a base militar na Baía de Guantánamo como condição primordial a abertura de diálogo. 

              Pelo o que pude observar, o medo de uma possível colonização de Cuba pelos americanos ainda tira o sono dos Castros e nesse caso, eles preferem se prevenir bloqueando os pontos que podem os deixar vulneráveis antes de fechar em definitivo os laços diplomáticos, sinceramente não vejo nenhum pecado nisso.
                Em recente entrevista ao escritor e amigo brasileiro Frei Betto, o ainda homem forte de Cuba se mostrou otimista em relação ao fim dos embargos, ostentando inclusive boa vontade em negociar. Revelou ter simpatia por física quântica e cosmologia e transcendendo admitiu até a possibilidade de universos paralelos. Me parece que Fidel Castro remoçou, está mais reflexivo, quem diria!
               Os cubanos estão otimistas com este momento mágico na história da ilha. Ao mesmo tempo a ansiedade e preocupação ocupam corações que ainda vivem sob intensa ditadura, mas a vida é assim, vai criando os seus caminhos, erguendo e destruindo percalços, construindo e mostrando a verdade. 

           Cabe aos Estados Unidos desenvolver o potencial de Havana. Cabe a Cuba acreditar que é possível crescer. Os Castros sabem que no fundo toda ajuda é bem vinda e que toda independência tem o seu preço.

Waldir José


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