Estamos
vivendo num mundo cada vez mais cercado por conflitos e momentos de incertezas,
numa vulnerabilidade do tempo marcado pelas incongruências dos fatos, pela
frieza humana, pela ascensão do mal. Parece que a cada dia surgem elementos enigmáticos
que desmontam as tentativas de redenção do mundo e consequentemente da terra, a
impressão que temos é que cada vez mais caminhamos em direção ao abismo da
nossa própria existência.
A
palavra crise traz em si a essência do desconforto humano, produz ruídos
insuportáveis, altera a sensibilidade, gerando males psicossomáticos, cria um
grande mal estar que nos leva a sentimentos insanos, desconectados de uma
esfera comportamental mais condizente com a nossa espécie. Deixando-nos mais
propensos ao negativismo e a depressão. A crise cria em nós um plano de visão
distorcido em relação a posição que deveríamos ocupar, distanciando-nos de
possibilidades saudáveis, capaz de nos libertar do comodismo, da nossa imensa e
grotesca falta de iniciativa aos valores que contam.
A
vida terrena ganha os contornos que concebemos e racionaliza-se através da
nossa presença. Somos nós humanos que temos autonomia de inventar, modelar e
transformar aquilo que nos incomoda ou que nos fere. Somos os realizadores do
progresso, do sentido que precisamos imprimir ao mundo. Não podemos e não
devemos em hipótese alguma nos calar ou ficarmos indiferentes ante aquilo que
precisa ser feito. Somos os principais agentes da transformação planetária e
autores da transição íntima que o momento nos exige. Precisamos nos
conscientizar da importância do processo evolutivo ao qual estamos submetidos.
Temos a obrigação de praticarmos o bem para não cairmos nas armadilhas humanas,
na crise do mal. Precisamos desenvolver o nosso potencial de solidariedade e
respeito mútuo senão quisermos sucumbir ante a crise do preconceito, da
violência, dos negócios desonestos amparados pelas chagas da corrupção, pela
insanidade dos atos impróprios, indecentes, criminosos. Precisamos erguer
projetos alternativos para que possamos extirpar a crise de identidade que nos
sufoca e asfixia nossos sonhos.
Vivemos
tempos difíceis no íntimo do nosso ser, estamos em crise convulsiva, cheios de
prepotência, orgulho e egoísmo o que nos torna seres ansiosos, psicologicamente
abatidos, insensíveis e profundamente enfermos. A crise tão alardeada é criada
no ninho da nossa teimosia, acalentada pela nossa fatídica ignorância sobre nós
mesmos, sobre os propósitos da nossa existência.
A
crise somos nós em ação, desprovidos de ética e transparência moral, carentes
de uma consciência plena, robusta em bom senso. Somos a crise em potencial pois
estamos desprotegidos de amor em tempos de alta tecnologia e exacerbado
materialismo. A crise não é externa, não está lá fora, engana-se quem assim
pensa. A crise é uma ilusão mental que sabota nossos pensamentos. A crise que
estamos vendo e sentindo propriamente não existe, é antes de tudo um engodo, um
alarme falso. A crise é uma desculpa que nós mesmos criamos para tentarmos
explicar ou esconder nossos deslizes e perversidades. É uma criação nossa,
nefasta e covarde, periférica e tacanha. É produto dos nossos contínuos
desvarios, a soma da nossa inconsciência, o efeito crítico do perdão que não
concedemos aos outros e nem a nós mesmos. A crise é um processo coletivo. A
crise somos nós aqui dentro.
By Waldir José
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