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terça-feira, 1 de setembro de 2015

A VIDA DOS OUTROS

Existem pessoas que cultivam o péssimo hábito de viver a vida dos outros e alimentando-se indevidamente das falhas, fraquezas, conquistas e até das virtudes alheias esquecem de viver a própria vida, ou seja, não direcionam o olhar para o próprio umbigo.

            O costume de questionar, criticar negativamente, contextualizar e visualizar de forma pejorativa o cotidiano do próximo torna-se para alguns indivíduos (que não têm o que fazer) uma necessidade existencial, um mantra sagrado. Denegrindo, escarnecendo ou ironizando os demais acreditam que ocultam os próprios defeitos, deslizes e severas distorções de caráter dos quais muitos deles não são possuidores, independente do nível socioeconômico que ocupam, da epiderme que reveste o esqueleto e do estilo cultural e intelectual ao qual estão inseridos. Aliás, o fato de ficar bisbilhotando o modo de ser e agir dos vizinhos, amigos e familiares prova de antemão o quanto esses elementos são perniciosos, abusados, mal educados e nocivos ao ambiente em que vivem.

            Analisar, mapear e roteirizar a vida dos outros sob a tutela da inveja ou do pouco caso costuma trazer sérias consequências como múltiplas discussões e processos judiciais geralmente causados por bulling, injúria, calúnia, difamação e invasão de privacidade, isso sem contar os perigosos acertos de contas pessoais que podem variar entre um mero bate boca a situações mais graves como violência extrema e óbitos dos envolvidos. Desse modo fica claro que observar a vida do semelhante desfocado de critérios morais e éticos gera efeito colateral disseminado através de uma onda de comentários indevidos e tendenciosos que podem declinar para o indesejável território das intrigas ocasionando expressivos conflitos interpessoais.

            Um outro aspecto que estimula a especulação da vida dos outros resume-se ao campo tecnológico e ao cenário virtual devido ao alto grau de exposição nas redes sociais. Servindo-se dos modernos avanços da tecnologia os exibicionistas cibernéticos postam mínimos detalhes de suas vidas e da dos outros abrindo espaço para proliferação de inúmeros pensamentos e gracejos dos que acessam diariamente milhares de fotos e vídeos que podem ser amplamente armazenados e compartilhados pela internet, ocasionando quase sempre quebra de intimidade e profundos aborrecimentos.

            A grande disciplina que a vida nos impõe resume-se a saber vivê-la com graça e decência, cumprindo com nossos deveres, cobrando nossos direitos. É preciso viver com senso de responsabilidade, moldando nosso caráter com intuito de praticar e estimular o que é certo, aquilo que nos proporciona tranquilidade de consciência e bem estar coletivo. Pensar sistematicamente na vida dos outros quando não for para ajudar imbuído de objetivos escusos não é uma maneira salutar de desenvolvimento humano, e sim algo penoso para todos. Cada indivíduo tem o direito e a obrigação de cuidar da própria vida e lógico, o dever de esquecer definitivamente o que os outros fazem, a menos que esteja diretamente inserido nas ações alheias de forma direta ou indireta, ou que seja atingido por elas, mesmo assim, cabe a cada um ter discernimento suficiente para separar os fatos e agir corretamente de acordo com as circunstancias zelando sempre pelo amor a verdade, fazendo o uso de bom senso.

            E então? Vamos esquecer a vida dos outros? Vai ser bom para eles, vai ser ótimo para nós.

By Waldir José




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