Ficará em cartaz durante todo o mês de Janeiro, na Casa de Cultura de Teresópolis, a exposição de desenhos e pinturas dos alunos da Escolinha de Arte Municipal, que funciona neste estabelecimento. Fundada pelo artista e ecologista Vidocq Casas, a Escolinha de Arte, curso que funciona em caráter de ateliê livre de criatividade, é hoje coordenada pela artista Liliane Xavier, filha e ex-assistente do pintor.
Vale a pena conferir e se encantar com a poesia que transborda dos traços e pinceladas e com a liberdade de expressão dessa juventude. Não deixem de ver a maquete "Tijolinho", instalação feita pelos alunos, como uma resposta criativa ao vergonhoso descaso político dos governantes de Teresópolis, que desviaram a verba destinada ao socorro das vítimas da última grande chuva que matou e deixou desabrigados várias pessoas na cidade.
A Escolinha de Arte
Criada em 1966, na Pro-Arte, pelo artista e ecologista Vidocq Casas, a Escolinha de Arte, sempre recebeu gratuitamente crianças de todas as idades e condições sociais. A partir de 1994, a escola ganhou novo lar, passando a funcionar na Casa de Cultura, onde começou a ser conduzida também pela artista Liliane Xavier.
Desde sua criação, a escolinha mantém vivo o objetivo de ser um espaço de liberdade, investindo na educação do olhar, na sensibilidade e na construção de consciências críticas. Nosso fundamento pedagógico principal baseia-se na valorização e estímulo da capacidade criadora da criança e do jovem, colaborando para o desenvolvimento de suas potencialidades, renovando sua existência e contribuindo para seu contínuo processo de integração social
A escolinha de Arte, em 2012, reafirma seu princípio fundamental – que toda criança tenha acesso ao desenvolvimento pessoal através da arte, como um direito inalienável, como parte de uma evolução social, cultural e humanística, onde a educação é para todos.
By Liliane Xavier
O Projeto Tijolinho
A maquete Tijolinho nasceu como uma reação criativa, após autêntica reflexão coletiva, de crianças que foram testemunhas, muitas delas vítimas, do descaso político com os desabrigados das últimas chuvas em Teresópolis. Ela é um apelo para que se faça justiça, é o espelho de uma realidade triste, vivida por pessoas que moram em áreas de risco, especialmente indivíduos que ali estão por terem sido ejetados dentro de uma vala na pirâmide social.
BARRO – BARRANCO – BARRACO – o ciclo é fechado voltando-se ao BARRO que cobre hoje os corpos que marcaram nossas memórias. BARRO, matéria-prima das telhas e tijolos, alicerce de moradias. É preciso reconstruir muitas vidas e com elas um novo olhar; em todos é urgente uma nova atitude – redirecionar a bússola para um novo horizonte. Da realidade é preciso aprender a lição: a natureza é amoral, o homem não deveria ser. A catástrofe ecológica que ganhou forma tem como um dos motivos a irresponsabilidade política, mas também é fruto do nosso comodismo, da nossa falta de consciência e atitude de cidadãos responsáveis pelo nosso destino, sujeitos que precisam cobrar e também fazer.
Não à corrupção; não ao imediatismo consumista, que vem permitindo a depredação irreparável do meio ambiente, como uma ação suicida da humanidade; não aos interesses financeiros particulares acima dos valores coletivos e humanos; não às atitudes populistas e oportunistas que permitem a ocupação criminosa em morros, encostas e áreas de risco.
Onde foi parar a verba pública destina a socorrer Teresópolis, ajudar a reconstruir casas e garantir o aluguel social de quem perdeu quase tudo? É preciso que o homem do século XXI abandone o individualismo que adoece sua alma e seja mais fraterno e solidário – que ele se reconstrua como um novo homem – um HOMEM UNIVERSAL
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