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quinta-feira, 2 de abril de 2020

Jubileu do Eterno Poeta Vidocq Casas

O Movimento Conservacionista Teresopolitano relembra nesse mês de abril o aniversário do seu Presidente Fundador, Vidocq Casas, que faria 88 anos no dia 02. 

Lamentamos a sua perda, mas sabemos que ele, como benfeitor da humanidade, plantou sementes de esperança e consciência crítica por gerações em todo o mundo. Lembramos da sua existência com muita saudades, mas nos comprometemos a dar continuidade ao seu legado em defesa dos Direitos Humanos, do Meio Ambiente, da Cultura, da Arte e das Liberdades!

Ao longo do mês de abril iremos postar alguns trabalhos, ensaios e poesias do Poeta Maior, Vidocq Casas. 

A baixo transcrevemos um discurso escrito em homenagem ao grande Poeta, Vidocq Casas, escrito pela sua neta mais velha e membro da Diretoria Ambiental, Secretária Executiva da ONG Movimento Conservacionista Teresopolitano e membro do Jornal Resistência Verde S.O.S. Terra, Thaís Parméra.

"Eu hoje vim falar um pouco dessa ilustre figura que era tão amada e admirada por tanta gente e que mudou a vida de inúmeras gerações.

Ele era uma figura pública ímpar, arrebatadora e inspiradora. Mas além disso tudo que vocês conhecem, ele era também o vovô.

Ele era reconhecido pelo seu estilo. Ele era muito descolado, cool e vibrante. Foi com ele que eu aprendi uma das máximas que eu vou carregar para o resto da minha vida. Ele  dizia "Se  não for pra sair como a atitude de uma estrela do rock, então nem saio de casa". E ele era assim mesmo. Ele chacoalhava o senso comum e simplesmente era o vovô mais  arrasante que já existiu. Ele era o rebelde que desmistificava convenções e simplesmente existia em sua inocência despojada onde o amor permeava seus gestos. 
 
O vovô me ensinou a enxergar o mundo de uma forma maravilhosa. Nós dois somos artistas. Somos escritores e poetas, apesar de termos estilos totalmente díspares de poesia.  Foi dele que eu recebi, em primeira mão, o conselho mais básico, presente em todos os manuais de escrita criativa: "Escreva TODOS os dias". E assim ele fez, por 87 anos.  Sua escrita era forte, combatente, apaziguadora, reveladora, resiliente e pregava  temas de luta pela justiça social, defesa das artes e das liberdades e, principalmente, a defesa do Amor.

Ele conseguiu uma coisa inigualável. Ser reconhecido e respeitado socialmente como Poeta ainda em vida. E ele é designado Poeta como um título de honraria pública, notória e irrefutável. Pouquíssimas pessoas conseguem isso, ainda mais atualmente, e isso sempre me encheu de orgulho.

Quando vovô descobriu que eu estava começando a escrever textos e enredos, ele me deu o meu primeiro caderno de escritos. Eu tinha oito anos. E a partir daí desenvolvemos conversas cada vez mais profundas sobre a escrita e a Arte de desvendar o mundo e transcender as nossas realidades.

Passei inúmeras madrugadas ao telefone com ele me pedindo opiniões (sinceras) sobre seus Poemas e textos. E até o final, em seu leito de quase-morte ele me mostrou um dos seus últimos escritos. Me pediu para que eu o lesse em voz alta e me perguntou o que eu achava dele. Éramos assim. Eu me sentia muito honrada com isso. 

Todos os poetas sabem que Poesias são íntimas, são sagradas, intocáveis. Mas o vovô permitia que eu dissesse o que eu achava porque nós nos respeitávamos. E esse respeito ultrapassava a nossa ligação de sangue e genética. Nós nos respeitávamos como artistas porque éramos feitos da mesma substância-maior: de Arte. Com essa confiança genuína de quem compartilha visões de mundo e que tem alma de Poeta que a nossa relação de vovô e neta se desenvolveu ao longo dos anos.

Costumávamos conversar sobre tudo. Sobre a necessidade de luta, de embate pelos princípios de equidade e liberdade. Aprendi com ele a me indignar diante das injustiças e não só me sensibilizar com o próximo em teorias e planos, mas sim fazer alguma coisa a respeito e mudar a sociedade por mim e por todas as gerações que vierem além de mim.

E imbuída nesse espírito de luta eu fui iniciada na vida militante, política e crítica por uma realidade socialmente e ambientalmente justa. Eu era um bebê mas eu estava presente na Rio-92, carregando a bandeira do Movimento Conservacionista Teresopolitano (MCT) ao lado da minha mãe, Cassia Cristina Cunha (vice-presidente fundadora da ONG), e do vovô, presidente fundador da ONG. E não parei mais e continuei lutando ao seu lado na ONG conforme eu crescia na efervescência de uma nova aurora democrática que nascia comigo e que hoje volta a ser ameaçada despudoradamente.

E nessa miríade de espírito de luta ele sempre citava Nazim Hikmet:

"Se eu não me queimo
se tu não te queimas
se nós não nos queimamos,
como as trevas,
se tornarão claridade?"

Além disso tudo, vovô é um artista plástico. Com suas cores disruptivas, ousadas e amantes que salientavam a natureza viva das coisas. Ele trazia olhares transcendentes que iluminavam verdades e descascavam realidades. E sim, eu falo dele no presente. Ele é um artista. Em uma das nossas inúmeras conversas, eu disse a ele que artistas não morrem. Após a sua vida eles continuam a existir em suas obras e continuam a transformar e impactar vidas, emocionar e tocar as nossas almas.

E é por isso que eu digo a vocês, do fundo do meu coração, que o vovô, o Vidocq Casas, está mais vivo do que nunca.

Ele era e é assim: um benfeitor da humanidade, um poeta, um artista, um ativista, o arauto da liberdade. O vovô.

É nisso que agora eu baseio a minha vida e assim que devemos povoar nossos dias a partir de agora. Ele está permeado nas minhas lembranças, na forma em que eu encaro o mundo, como eu transmuto  as realidades e como eu luto contra as forças opressoras em uma resiliência diária  e incansável.

Ainda há muita Palavra para ser escrita, ainda há muita cor para ser expressa, ainda há muita luta para ser combatida, ainda há muito grito de liberdade para ser cantado para romper a escuridão que ainda nos cerca. Dessa forma, seguindo seus ensinamentos, não ficaremos silentes diante da opressão e da injustiça.

E assim eu entoo, mais uma vez, o seu brado mais icônico e genuíno que ainda ressoará ao longo de toda a eternidade:

"Se não resistirmos, morreremos!"
Muito obrigada!



Vidocq Casas e sua família


1 comentários:

Parabéns linda homenagem no seu dia 👏👏✌

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